Sim, infelizmente, seu animal de estimação também corre o risco de contrair COVID-19. Assim como nós somos suscetíveis à infecção pelo vírus SARS-CoV-2, certas espécies de animais também são. Como os animais têm características estruturais semelhantes às proteínas da superfície das células presentes nos seres humanos.
Uma proteína específica presente atua como um sistema de chave e fechadura, a chave é a proteína do vírus responsável pela infecção por COVID-19, e a fechadura é a proteína da membrana localizada na superfície da célula.
Se a chave - a proteína do vírus - se encaixar na fechadura - a proteína receptora do hospedeiro -, o vírus poderá entrar e iniciar seu ciclo de multiplicação, causando a infecção do hospedeiro.
Um estudo publicado na revista PLOS Computational BiologyA equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) usou um modelo matemático para prever quais espécies de animais têm os recursos necessários da proteína hospedeira que poderiam permitir a ligação da proteína de pico do vírus.
Os pesquisadores relataram alguns casos em todo o mundo de animais domésticos, de fazenda e de zoológico que testaram positivo para a infecção por COVID-19.
Gatos, martas, leões e tigres são algumas das espécies infectadas relatadas.
No início, estudos mostraram que gatos, civetas e furões eram suscetíveis ao SARS-CoV-2, enquanto porcos, galinhas e patos não eram.
Em um segundo momento, surgiram resultados diferentes, classificando cobaias, camundongos e ratos como não suscetíveis, enquanto camelos, bovinos, cavalos, ovelhas e coelhos foram classificados como suscetíveis à infecção pelo SARS-CoV-2.
Devemos lembrar que o vírus SARS-CoV-2 foi transmitido pela primeira vez aos seres humanos por meio de um hospedeiro intermediário.
Os dois principais animais suspeitos são os morcegos e os pangolins. Se é a primeira vez que você ouve falar de pangolins, eles são mamíferos noturnos cobertos por escamas de queratina que vivem em árvores ocas e tocas.
Aqui está uma ilustração de um pangolim:
Para iniciar a infecção, a primeira etapa que o vírus precisa realizar é ligar sua proteína de pico viral à proteína receptora da membrana da célula hospedeira.
A proteína receptora do hospedeiro é um domínio de protease extracelular da enzima conversora de angiotensina 2, geralmente conhecida como ACE2.
A ACE2 é uma proteína transmembrana de passagem única presente na superfície de vários tecidos. A ACE2 não tem apenas uma estrutura única, ela pode ter várias estruturas entre espécies, mantendo a mesma função.
De fato, o ACE2 é classificado como um gene ortólogo, ou seja, um gene presente em diferentes espécies que se originou de um gene ancestral comum.
Essas diferenças estruturais são, aparentemente, a razão pela qual o vírus SARS-CoV-2 pode se ligar à ACE2 de algumas espécies e não de outras.
Quando a proteína de pico viral é conectada à ACE2, o vírus entra na célula e começa a usar o mecanismo celular do hospedeiro para se multiplicar, levando à infecção.
Como resultado, ter um melhor entendimento sobre o receptor ACE2 certamente levaria a uma explicação mais precisa do motivo pelo qual algumas espécies de animais são suscetíveis à infecção, enquanto outras não.
Além disso, isso também ajudaria os cientistas no desenvolvimento de medicamentos, aplicando estratégias antivirais, como a produção de armários falsos para o vírus se ligar, em vez do armário real do hospedeiro.
E também para rastrear melhor os animais hospedeiros intermediários para futuras infecções por vírus.
Portanto, caracterizar a estrutura tridimensional do ACE2 e suas interações no nível atômico usando modelagem computacional foi o objetivo do Rodrigues e colegas trabalho.
Esse tipo de estudo de caracterização é caro do ponto de vista experimental e não é aplicável em grande escala, dificultando a obtenção de dados conclusivos. Por outro lado, a modelagem computacional é rápida e barata, sendo muito útil para preencher algumas lacunas no conhecimento da estrutura.
O estudo utilizou 28 espécies animais para análise, gerando um modelo 3D do ACE2 ligado à proteína spike viral.
Os resultados mostraram que há locais importantes na sequência de aminoácidos da ACE2, onde, devido a mutações, a proteína viral não pode se ligar à célula hospedeira.
Especificamente, a sequência da ACE2 carece de um aminoácido responsável por uma ponte de sal intermolecular observada entre a ACE2 e o local de ligação da proteína viral, conforme relatado por Rodrigues e sua equipe.
Esse resultado é apoiado por outros estudos publicados, que demonstraram experimentalmente que a falta desse mutante é a ausência de aminoácidos com carga negativa, o que permite a ligação da proteína viral.
O estudo também indica que a infecção pelo SARS-CoV-2 é mais complexa do que se pensava anteriormente, com mais de uma maneira de infectar o hospedeiro.
Portanto, é importante esclarecer que a redução da disponibilidade de ACE2 pode diminuir as chances de infecção; no entanto, isso não impede que a infecção ocorra.
E que os modelos de computação não podem ser usados isoladamente para prever os riscos de infecção das espécies - são necessários dados experimentais adicionais para se chegar a uma conclusão mais confiável.
Então, acho que devemos continuar seguindo os protocolos da pandemia e fazer o que já estamos fazendo... Usar máscaras, manter distância social o máximo possível, não ir a ambientes fechados e lotados, para nossa segurança e, especialmente, de nossos amados animais de estimação, de nós mesmos e de nossa família.
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