O que é DMT?
A DMT, ou N, N-dimetiltriptamina, é uma substância natural presente nas folhas de uma planta amazônica chamada Psychotria ViridisO álcool, que é usado na bebida Ayahuasca, produz alucinações e modificações na percepção, emoção e cognição para aqueles que o experimentam.
Classificado como uma substância alcaloide psicoativa, o DMT foi globalmente banido em 1971 pela Convenção Internacional sobre Substâncias Psicotrópicas, seu consumo é permitido em práticas religiosas e rituais apenas na bebida de infusão, denominada Ayahuasca.
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Embora a Ayahuasca exista há mais de um século, somente nos últimos anos ela tem atraído a atenção dos cientistas devido aos seus benefícios (ainda) não comprovados.
A bebida foi apresentada para melhorar a qualidade de vida e tratar pacientes com distúrbios neurológicos e emocionais, como depressão, ansiedade e dependência.
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O que os pesquisadores sabem sobre o DMT
Um artigo publicado pelo Relatórios do Journal of Affective Disorders analisou dados da pesquisa do Global Ayahuasca Project (GAP) envolvendo 11.912 pessoas que experimentaram a bebida infundida. Na pesquisa, os participantes que relataram ter depressão ou ansiedade antes de consumir a ayahuasca disseram que, após a experiência, notaram algum nível de melhora em seus sintomas. Portanto, melhorando sua qualidade de vida.
Relatos de pacientes como este, coletados pelo GAP, estão aumentando nos últimos anos. Apesar de ser uma boa notícia, cientistas e médicos precisam de estudos fisiológicos mais completos e detalhados para entender a origem desses benefícios da Ayahuasca. A bebida da planta de infusão contém várias substâncias e cada uma delas pode desencadear um tipo diferente de resposta no corpo humano.
Entre essas substâncias, uma delas é o DMT. Essa substância da Ayahuasca tem atraído a atenção dos pesquisadores devido ao seu aparente potencial de neurogênese.
O que é neurogênese?
Neurogênese é definido como o processo de transformação de células-tronco neurais ou progenitor células em novos neurônios. Ela também envolve muitas atividades celulares diferentes, incluindo proliferação, migração e diferenciação de células.
Por sua vez, células-tronco neurais são capazes de uma extensa autorrenovação, gerando novas células do sistema nervoso, por exemplo, neurônios ou células gliais. Em nosso cérebro, há um nicho de células-tronco neurais localizado no zona subgranular do giro denteado, no hipocampo.
O hipocampo é a parte do cérebro responsável por nossas habilidades de memória e aprendizado. Essa região do cérebro faz parte do sistema límbico e tem um papel importante na transformação da memória de curto prazo em memórias de longo prazo.
Em doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, o hipocampo é a primeira região a sofrer, levando ao declínio da memória.
Como o DMT afeta o cérebro?
Por algum tempo, acreditou-se que o DMT se ligava apenas aos receptores de serotonina 5-HT, que produzem seus efeitos de alucinação. Entretanto, estudos recentes relatam que o DMT também se liga a outro tipo de receptor, um receptor não serotoninérgico chamado receptor sigma-1 ou S1R.
Esse receptor é amplamente difundido no sistema nervoso central, especialmente no córtex pré-frontal e no hipocampo.
Além disso, os pesquisadores descobriram que, ao se ligar a esse receptor S1R, o DMT perde seus efeitos psicoativos, não produzindo alucinações ou modificações na percepção.
Pesquisa in vitro e in vivo
Um estudo publicado na revista Revista Translational Psychiatry em 2020, concentrou-se no estudo dos efeitos do DMT no cérebro por meio do receptor sigma-1.
Usando antagonistas de 5-HT, os pesquisadores observaram que o DMT estimula a neurogênese por meio de S1R.
Além disso, os dados mostraram que a DMT não só atua como estimulante, induzindo as células-tronco neurais a amadurecer, proliferar e migrar in vitro, mas também aumenta a capacidade de aprendizado e memória in vivo.
In vitro, os autores do estudo relataram que a DMT promoveu a proliferação de células progenitoras neurais do nicho neurogênico adulto do hipocampo. Essa ação aumentou o número e o tamanho das Neurosferas após uma semana de tratamento com DMT.
Além disso, com base na expressão de proteínas específicas, os pesquisadores também notaram que a DMT promoveu a diferenciação dessas células-tronco neurais.
As proteínas encontradas exclusivamente em neurônios jovens e maduros, chamadas β-III-tubulina e MAP-2, tiveram sua expressão aumentada nas neuroesferas tratadas com DMT. Isso significa que a DMT promove a diferenciação para o fenótipo neuronal.
Os pesquisadores também observaram a promoção em outros fenótipos celulares, como astrócitos e oligodendrócitos, tudo por meio do S1R.
In vivo, a DMT pareceu ativar o nicho da zona subgranular por meio do S1R.
Camundongos adultos tratados com DMT apresentaram "maior proliferação e migração de precursores neurais na zona subgranular", de acordo com o artigo. Esse resultado sugere que a DMT tem um efeito modelador na neurogênese do hipocampo, aumentando o número de novos neurônios.
Na prática, os camundongos adultos tratados com DMT apresentaram melhores resultados em tarefas comportamentais em comparação com os que não foram tratados. O grupo tratado apresentou resultados de melhora nas tarefas de aprendizado e memória.

A conclusão
Todos esses resultados são ótimas notícias para a comunidade médica.
Isso mostra que é possível não apenas estimular a neurogênese com DMT, mas também obter esses resultados sem os efeitos alucinógenos por meio de um receptor específico.
"Essa capacidade de modular a plasticidade cerebral sugere que ele tem um grande potencial terapêutico para uma ampla gama de distúrbios psiquiátricos e neurológicos, incluindo doenças neurodegenerativas", disse José Ángel Morales em um declaraçãoum dos autores do artigo.
Esses resultados podem influenciar fortemente estudos futuros envolvendo a Ayahuasca e o DMT. Entender como controlar e influenciar o processo de neurogênese pode mudar completamente a forma como as doenças neurodegenerativas são tratadas.
No entanto, há uma grande demanda por estudos para que os cientistas compreendam totalmente o papel de substâncias como o DMT e receptores promissores, como o receptor sigma-1, na neurogênese.
Juntamente com uma perspectiva positiva, isso poderia levar não apenas a novos tratamentos para doenças neurodegenerativas, mas também à cura dessas doenças.
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